Caminhar sem Destino

  Caminhava sem destino como se o tivesse de ter. Sentia-se na obrigação de ter um destino para a sua caminhada, mas o caso era complicado. Queria ter um destino certo, mas o destino é incerto, e disso tinha a certeza. Caminhava então sem destino tentando arranjar um. Na estrada de terra batida os seus ténis queixavam-se do pó branco que ia ficando colado à sola e, aos poucos, ao pano gasto do sapato. Os atacadores, meio atados, meio desatados, outrora de cor branca, percorriam aquele caminho por obrigação, sempre de um lado para o outro e a raspar no chão imundo.
  Decidiu atar os atacadores quando encontrasse o seu destino, pois teria uma sensação de dever cumprido. Vagueou pelo caminho de areia vezes sem conta, à procura de algo; algo que não sabia o que era... Os atacadores  nunca mais foram atados, pois não há destino certo, mas lá continuou a sua caminhada pelo prazer de nada encontrar em concreto.


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