Perder Pensamentos
Não sei para onde vão os nossos pensamentos quando os perdemos, por isso gravei na minha memória o passeio e as palavras que trocámos quando passeámos entre as árvores e as rochas. Guardei na memória, na esperança de que fosse um sítio seguro, onde as coisas não se perdem. Às vezes os pensamentos enganam-se no caminho e vão ter a outro lugar; ou às vezes a memória está tão lotada de pensamentos que não há mais sítio para alugar; não há mais nenhum quarto confortável para alojar o pensamento.
No nosso passeio, senti que aquilo era o começo do mundo, pois naquele caminho que foi dar a um velho parque abandonado, não conseguia ver casas ou prédios. Antes de nós existirmos, os caminhos eram todos assim: com árvores e natureza viva. Antes de nós existirmos, havia espaço para tudo, porque ainda não existia o pensamento, o pobre coitado que não arranja espaço na memória para passar a noite.
Antes de nós, não existia a luz falsificada das lâmpadas que iluminam os prédios. Ao andar por este caminho, desejei que a natureza se apoderasse do mundo e cobrisse de plantas os prédios, as casas, os muros e todas as luzes artificiais. Neste processo de destruição, talvez sobrasse algum espaço para os pensamentos pernoitarem, e eu nunca mais ia perdê-los.
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