Uma conversa entre Deus e um Ateu
“O mundo é feito de injustiças cruéis e de
pessoas que sofrem à mão de terceiros. É um mundo cheio de pessoas que se agridem
por tudo e por nada. É um mundo cheio de pessoas que gritam por nada e por
tudo.”
Foi
isto o que o senhor António pensou para com os seus botões naquele domingo
santo. Costumava ir à missa, mas deixou de acreditar em Deus, portanto, as suas
idas constantes àquele recinto deixaram de fazer sentido. Mas, naquele domingo
santíssimo, nunca pensou ele que alguém respondesse aos seus desabafos feitos
em voz alta, na escuridão do seu quarto, enquanto a mulher ressonava ao seu
lado.
“Então, será por causa de todas essas
injustiças, e de todo esse mal, que colocas a minha existência em causa?” –
interrogou-o Deus, todo poderoso e omnipotente, que sabia bem das angústias do
senhor António (incluindo as insónias que tem diariamente, pois ninguém aguenta
ouvir a dona Amélia a ressonar daquela forma).
Deu
um pulo da cama. Pensou estar louco. Estava a ouvir vozes, por isso estava, de
certo, perto da loucura. Ou seriam os roncos da mulher? Respondeu na mesma.
“Se tu existes, sabes de tudo. No entanto,
não evitas mal nenhum. Vou colocar-me no teu lugar. Criaste o universo, o
planeta e todos os seus vizinhos. Decidiste criar os humanos à tua imagem. Com
o passar dos anos, foste ficando cada vez mais desiludido com esta última
criação. Somos humanos desumanos. Arrependeste-te de ter criado semelhante
raça, por isso, decidiste desaparecer. Se calhar existias,oh Deus; se calhar
criaste o mundo, o Homem e depois suicidaste-te com tamanha desilusão. Por
isso, neste momento, sou ateu. Não acredito em ti.Não existes entre nós, e
disso estou certo, tal como certo estou de que a minha mulher faz mais barulho
a ressonar que uma moto serra.”
Não
posso esconder que o senhor Deus ficou bastante pasmado com a resposta do nosso
amigo António. Ficou quase sem palavras. Fez apenas uma questão:
“Achas que vou renascer algum dia?”
“Talvez um dia,
quando os Homens tiverem aprendido a sua lição.”
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