O Teu Caule Frágil

  Eu sabia que te iria encontrar ali, espalhada por longos hectares de campo coberto de flores. Cheguei de mansinho e fui pisando o campo, a medo, pois não te queria pisar, a ti, minha flor. Mas depois passou uma aragem e o campo começou a bailar; vultos rosa,arroxeados e amarelos, mexiam-se conforme a direção do vento. Fiquei então mais tranquilo. Queriam dizer-me - as flores, tu - que eu vos podia pisar, com jeitinho.
  Olhei o horizonte aromaticamente perfumado com os teus odores naturais. Partiste e transformaste-te num campo de flores. Podes observar o céu quantas vezes quiseres, como sempre gostaste, e ver as formas das nuvens de algodão que teimam em fugir, e quando olhas outra vez, já lá não estão! Agora, como és este campo de flores, podes ver as nuvens a passar eternamente e sem pressa alguma.
  Deitei-me então neste campo de flores; deitei-me então em ti. Era macio como a tua pele e frágil como o teu corpo desenhado a rigor, a régua e esquadro. Deixei neste campo a marca do meu corpo deitado no teu. Estes caules frágeis e partidos já não se recompõem. Agora novos irão nascer, com bonitas flores; era isto que tu adoravas acerca dos campos de flores: o renascer da vida. Mas tu já não renasces, pois o teu caule frágil já foi quebrado, minha flor. Tu já partiste...


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